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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vigésima segunda Julieta

Querida Julieta, eram assim que começavam todas as lindas cartas que te escrevi. É mesmo verdade de que nós voltamos sempre aos lugares que nos fizeram sentir bem, aqui estou eu. Podia escrever-te um livro para te poder contar todas as coisas que se passaram neste longo período de tempo em que te deixei para trás. Peço imensas desculpas por isso. De um momento para o outro parece que as palavras me fugiram e as lágrimas ocuparam o seu lugar, sinto que não sou a mesma pessoa que se sentava perante o computador e soltava as palavras como quem solta um simples olhar. Vim para matar saudades tuas, para matar saudades do passado que acompanhas-te através de palavras sentidas. Não quero deixar nada para trás. Quero dizer tudo o que evitei dizer nestes últimos e belos tempos.
Tenho saudades tuas, querida Julieta, saudades do sabor das lágrimas, e... como é possivél alguém sentir saudades de uma dor? de um amor que só existiu da minha parte? de uma saudade não morta, de uma falta cada vez mais itensa? Tenho saudades de sentir o coração ocupado porque depois de tudo está vazio, e sem amor não é a mesma coisa. É como se parte de mim tivesse morrido. Um espaço enorme está por ocupar e eu não o consigo fazer. Estou invadida pelo medo de me entregar, de ser feliz, de viver a minha vida. Acho que por me ter habituado a uma rotina que me levava ao sofrimento não sei viver feliz mesmo que, tenha todos os motivos para tal.
Os dias passam, o sol nasce. A aragem aumenta, a areia voa. O mar agitasse, o sorriso esconde-se. O tempo passa, os hábitos ficam. A falta foge, as saudades aumentam. O amor morre. O coração fecha-se. A alma não vive e por mais que as pernas tenham a força de correr atrás de algo melhor, o melhor não chega, fica longe, como o céu. Parece infinito lá chegar.
Um beijinho Lara Vidal, para sempre, querida Julieta.

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